Nunca fui fã desses caras que fazem o Hip Hop aqui no Brasil. Por eu ser altamente nacionalista eu tinha aversão às culuras que nos trazem de fora. O Hip Hop é um exemplo disso. Vem dos guetos dos Estados Unidos. Todos os nomes de seus pilares são em inglês. A dança chamam de Break Dance, quem dança são os B-boys e B-girls, a música é o RAP (Rhythm and poetry ou Rima e poesia), quem executa as rimas são os MC’s (Microphone Controller ou Mestre de Cerimônia), quem executa as músicas e faz os efeitos é o DJ (Disk-jockey) e a Expressão artística define-se pelo Grafitti.
Tudo muito gringo pro meu gosto. Mas, porém, contudo, todavia sempre há momentos que podem levar nossas idéias e ideais pelo ralo.
As informações que eu tinha sobre o Movimento Hip Hop no Brasil era só por televisão. O mais próximo que eu tinha acesso era à música, ou seja, ouvia os RAP’s. . Fui criado na rua, jogando bola no asfalto, pulando muro pra soltar raia. Mas não tinha acesso a essa cultura. No rádio não tocava, na televisão não passava. Sempre que andava pelas ruas do meu bairro ouvia tocar nas favelas quem existem lá próximo, mas ouvia de longe, pois não tinha coragem de entrar naquelas ruelas. Quando perguntava aos amigos que banda era aquela, eles diziam não é banda é um grupo. Racionais MC’s. Nunca parava pra escutar as letras, só ouvia o ritmo, a batida e não me sentia interessado em ouvir mais nada. Achava chato.
Só que sou um cara que vive ouvindo todo tipo de música. Preciso, apenas, do lugar ideal para ouvir certos tipos de músicas. E um dia estava batendo um papo na casa de um amigo e ele coloca o DVD do Racionais. Paro e começo a ler a letra que passa na legenda.
Caralho! Que letra foda!
A música era “Jesus chorou”. Depois seguiram outras como “Negro drama”, “Diário de um detento”, “Vida Loka”. Porra! Me arrepiei.
Pensei comigo: “Quanta coisa perdi nesse tempo”. Tudo por um conceito tão bobo. Nacionalismo é uma bobagem, pelo menos pra música. Claro que devemos valorizar o que é daqui, o que é de raiz, o que tem a nossa cara, mas temos que valorizar, acima de tudo, aquilo que é bom, que tem qualidade. Não importa se é gringo ou se é do Brasil.
Com o tempo fui conhecendo mais coisas. Passei a admirar os desenhos que aparecem nos muros dessa cidade. E vi que tudo isso é Arte. Das rimas às cores do grafite. Do movimento de pernas do b-boy ao sampler do DJ. Tudo faz parte de um movimento artístico que não tem limites.
Fui escutar outros grupos, outros caras e descobri mais duas jóias raras: Rappin Hood e E.M.I.C.I.D.A.
Muito bom esses caras. E.M.I.C.I.D.A. principalmente. Não sai dos meus ouvidos, toca direto no MP4.
Aconselho, mas não escute em qualquer canto. Vá a um lugar calmo, tranqüilo, que esteja só você e Deus, sem nada e nem ninguém para perturbar e tirar a concentração.
Aproveitem.
Há 3 anos
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